Preços na alturas Uber aumenta o preço para sobreviver , mas usuários reclamam

Cerca de 30 minutos de espera, inúmeros cancelamentos e tarifas extravagantes. Essas são apenas algumas das dificuldades que os usuários da plataforma Uber têm enfrentado para conseguir uma viagem em Cuiabá. O serviço de motorista particular por aplicativo começou a funcionar na capital em novembro de 2016 e se tornou um dos principais meios de transportes dos cuiabanos.

Apesar de ter vivido seu auge nos últimos anos, o serviço prestado pela empresa já não tem agradado grande parte de sua clientela, que muitas das vezes dependem exclusivamente do aplicativo para se locomover ao serviço, mercado, médico e a outros compromissos do cotidiano. Essa a é realidade da contadora Maria Gloria Jenny Siles Malta, 54 anos.

 

Chico Ferreira

Uber

Sem um veículo próprio, Maria relata que utiliza o Uber com bastante frequência. Segundo ela, conseguir um motorista pelo aplicativo se tornou uma “decepção” corriqueira diante da correria do dia a dia. “Eu utilizo bastante o aplicativo por conta da segurança, mas estou decepcionada. Não tenho outro meio de transporte e ainda dependo do aplicativo para ir para o serviço, fazer compras e para me deslocar na cidade”, relatou.

Maria explica que trabalha a poucos quilômetros de casa, mas depende dos motoristas particulares para se deslocar ao serviço, onde atua como auxiliar administrativo, em uma loja de departamentos na região do Coxipó.
Apesar da região ser bastante movimentada e de fácil acesso, ela relata que chega a esperar cerca de 30 minutos por uma viagem. Além do tempo de espera, a trabalhadora reclama que já chegou a ter 8 viagens canceladas ao tentar solicitar um motorista parceiro.

“Antigamente não tinha essa dificuldade, eu não tenho carro e tenho que me sujeitar a isso. Agora pegar um Uber para ir ao trabalho virou motivo de constrangimento porque alguns motoristas se queixam que a distância é pequena. Esse tipo de situação me deixa constrangida e envergonhada. O passageiro espera no mínimo o respeito, alias nós estamos pagando pelo serviço que está sendo prestado”, acrescenta.

 

Chico Ferreira

A contaddora afirma ainda que já tentou levar as reclamações para o escritório da empresa, que fica na região do Jardim das Américas, mas não conseguiu ser atendida. “Tirei os prints das viagens que foram canceladas e fui lá no escritório da Uber, mas estava fechado. Na época, eles alegaram que por conta da pandemia não estavam fazendo o atendido ao público”, disse.

“Tá caro”
Outra dificuldade exposta pelos usuários são as tarifas dinâmicas, quando o preço da viagem fica mais elevado do que o normal. Existem uma série de fatores que podem acabar aumento o preço de uma corrida: o horário de pico, chuvas e temporais, shows e a recusa sucessiva de viagens a um determinado usuário.

No entanto, o “valor dinâmico” tem se tornado cada vez mais presente na vida dos cuiabanos e já é sentido no bolso da estudante, Emily Eduarda, 17 anos. “Está muito complicado eles aceitarem a corrida, esse tem sido o maior problema. A pessoa aceita e depois cancela, principalmente a noite. Antes era bem mais em conta, por exemplo: você chama e dá um determinado valor, ninguém aceita corrida. Ai você tenta de novo e vem um valor bem mais alto”, expressou.

Poucos motoristas e alta no combustível
Do outro lado, os motorista parceiros que enfrentam a “ira dos usuários” diante das inúmeras reclamações. Atuando na plataforma há quase 2 anos, o motorista Jonatan Felipe Morais de Oliveira, 21, justifica que muitos deixaram a plataforma por conta do preço do combustível, que aniquilou o lucro dos parceiros da empresa.

 

Arquivo Pessoal

Jonatan Felipe Morais

“Muitos motorista deixaram a Uber por conta do preço inviável, se colocar na ponta da caneta fica impossível trabalhar diante do preço do etanol e da gasolina. Ainda mais na nossa Cuiabá, você acaba tendo que andar no calor e sem ar para render mais o combustível”, relatou.

Apesar das dificuldades, Felipe diz que reconhece a insatisfações dos usuários. Contudo, relata que diante do preços, os motoristas se tornaram mais seletivos em relação as viagens. “Realmente está difícil, esse dias mesmo eu deixei o carro na oficina e precisei do Uber, eu fiquei meia hora esperando uma corrida. Hoje em dia os motoristas que fazem a conta não pegam corrida de menos de R$ 10. Se não selecionar as corridas, no fim do dia a gente acaba pagando para trabalhar”, acrescentou.

Para compensar o serviço, Felipe ainda relata que adaptou o veículo para rodar a Gás Natural Veicular (GNV). De acordo com a Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em Cuiabá e Várzea Grande o preço do gás varia de R$ 2,84 a R$ 2,89. Segundo o jovem, essa tem sido a principal alternativa para “poder ver o lucro no fim do dia”.

 

“As pessoas pensam que é só o valor do combustível, mas hoje só a manutenção da roda do meu veículo é mais de R$ 400, um modelo simples. Além disso, tem a troca de óleo todo mês e não é barato. Recentemente eu coloquei o gás e é o que compensa hoje dia para ter um lucro. Caso contrário, o dinheiro vai tudo para as despesas. Hoje consigo uma economia de quase R$ 1,5 mil com o gás e compensa muito”, finalizou.

Outro lado
O  procurou o Uber para comentar sobre os problemas citados pelos usários, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço permanece aberto para qualquer manifestação.

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