A família dos jovens Matheus Guedes Alves dos Reis e Luis Felipe Oliveira Guedes, encontrados enterrados em uma fazenda em Primavera do Leste (240 km a nordeste de Cuiabá) na quinta-feira (27), acredita que eles tenham sido confundidos com membros de facção criminosa.
Eles, porém, negam o envolvimento de ambos com o crime. A Polícia trabalha com a possibilidade de sequestro e latrocínio.
Segundo a prima deles, Lorrayne Guedes, ambos trabalhavam com venda de acessórios para carros.
Desde que foi noticiada a morte dos rapazes, há afirmações nas redes sociais de que eles teriam se declarado de uma facção inimiga enquanto estavam no Município e teriam sido assassinados por esse motivo, hipótese que a família contesta.
“Minas é conhecido muito pelo PCC. Então, provavelmente eles foram confundidos por terem vindo de lá. E o estilo deles, as roupas, as tatuagens, geralmente são confundidos com esse tipo de pessoa”, disse ela ao MidiaNews.
“O irmão deles, que tem mais contato, deu certeza que não são criminosos, até porque eles trabalham muito. Eles trabalham vendendo acessórios de carros, por isso estavam na cidade”, acrescentou.
Matheus e Luis eram moradores de Uberaba, município de Minas Gerais, e teriam vindo para Primavera no início do mês, para trabalhar.
Os rapazes estavam desaparecidos desde sexta-feira (21), quando os familiares receberam mensagens de WhatsApp por volta das 17h. Às 21h do mesmo dia, Matheus teria publicado em uma rede social a foto de uma tabacaria onde estavam, e essa foi a última vez que tiveram notícias dos rapazes.
A família, então, começou a ficar preocupada, porque segundo Lorrayne, eles sempre mantinham contato com os pais. Decididos a encontrá-los, os pais de Luis Felipe saíram de carro, no sábado (22), de Uberaba até Primavera do Leste, e chegaram no domingo (23).
No mesmo dia, os parentes começaram a divulgar nas redes sociais sobre o desaparecimento.
Seis dias depois do último contato, conforme a Polícia Civil, os corpos foram encontrados com sinais de tortura e execução.
Em busca de trabalho
De acordo com Lorrayne, os primos trabalham há anos com venda de acessórios para carros e frequentemente viajavam para comercializar os produtos.
“Eles pararam de estudar e meu tio falou que teriam que ao menos trabalhar. E aí começaram a vender acessórios [de carro], em Uberaba e na cidade vizinha. Mas eles começaram a ver que vendia mais para fora e começaram a viajar”, contou ela.
Além disso, os rapazes tinham desejo de tirar a carteira de habilitação e descobriram que o processo em Primavera era mais barato. Diante disso, vieram para o município com o objetivo de conseguir o valor da autoescola.
“Eles eram meninos trabalhadores. É muito triste ver as pessoas julgando como se fossem de facções. Eu acredito que eles tenham sido confundidos mesmo, porque eles não têm nem passagem pela polícia”, afirmou.
“Eles eram praticamente irmãos. Só faziam as coisas juntos, estudavam na mesma escola juntos. Eram meninos muito bons, a família gostava muito deles”, completou.