Alejandro Ramirez vivia uma vida sedentária, sem muitas atividades físicas e uma alimentação que sequer merece ser descrita. Muitos de nós conhecemos pessoas assim, afinal nossa cultura está, literalmente, recheada de comidas e hábitos pouco saudáveis.
Segundo o Ministério da Saúde, o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta do país. Essa taxa, nove anos atrás, era de 43%, o que representa um crescimento de 23% no período. Os quilos a mais na balança são fatores de risco para doenças crônicas, como as do coração, hipertensão e diabetes, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil.
Alejandro, ainda quando criança, era um adepto da prática esportiva, como ele mesmo conta: “Aprendi a nadar todos os estilos de natação com 6 anos, sempre fiz parte dos times do colégio e fiz judô dos 5 aos 19 anos. Após o falecimento de minha mãe parei com todas as atividades físicas que praticava. Depois disso, após me casar, engordei muito mais e me tornei obeso.”
O pacote da obesidade vem com um conjunto completo de doenças, além da depreciação física e da autoestima: gordura no fígado, pressão alta, colesterol alto, diabetes e muito mais. Eram exatamente essas doenças que Ramirez desenvolveu em seu antigo estilo de vida, que aos poucos o levava à morte.
Em casos como esse, tudo parece ótimo, até que acontece um choque de realidade. Para ele, foi o nascimento de seu filho Daniel, em 2009. Nessa data, ele atingiu um recorde nada digno de comemoração: 120kg de muita gordura. Foi observando seu filho que tudo veio à tona: as chances que ele assistisse o pequeno Daniel chegar à idade adulta eram mínimas se continuasse vivendo (ou seria morrendo) daquela forma. Era preciso mudar de vida e sua motivação estava clara.
O começo foi difícil, apenas com exercícios na bicicleta. À medida que as pedaladas empurravam os pedais, seu corpo empurrava a gordura excedente e ele perdia peso. Sem poder caminhar devido a dores nas articulações, Alejandro, que vive em São Paulo, procurou também um nutricionista, um aliado importante para qualquer pessoa que deseja uma vida mais saudável. Até o ano de 2014 foram 15kg que desapareceram e deram lugar a um novo estilo de vida, mais consciente e feliz.
Pouco depois, foi a hora de procurar uma assessoria esportiva, já que os treinos estavam ficando mais constantes e regulares. Os meses se passaram e Alejandro deixou para trás mais 18kg. Na assessoria esportiva, um amigo lhe apresentou o Triathlon e foi amor à primeira vista pelo nadapedalacorre.
Pouco depois, vieram as primeiras provas de Sprint Triathlon, competição curta que envolve 750m de natação, 20km de ciclismo e mais 5km de corrida. Consciente de sua evolução no esporte, ele não queima etapas, o que é tão comum no Triathlon amador. Seu passo seguinte foi um simulado na distância olímpica, com 1.500m de natação, 40km de ciclismo e mais 10km de corrida, algo inimaginável em seu antigo estilo de vida.
É comum ver triatletas nessa situação que partem direto para o Ironman e depois voltam à obesidade por não terem incorporado o estilo de vida totalmente e querem “chutar o balde” após os 3.800m de natação, 180km de ciclismos e mais 42km de corrida. Alejandro, contudo, passou longe dessa armadilha. Seus planos são modestos, mas realistas: completar um Ironman em 2020, quando seu filho terá 11 anos.
Histórias como esta já foram contadas aqui no MundoTRI. Há diversos exemplos de pessoas que perderam mais ou menos peso, e há muitas delas que retornam à obesidade. A grande maioria daqueles que logram permanecer saudáveis incorpora o esporte e uma alimentação saudável como um estilo de vida, algo prazeroso e sem pressão, afinal, o objetivo final é mesmo ser mais feliz.
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