Pacientes e profissionais temem ‘desmonte’ na saúde e apelam contra fechamento de hospital

Pacientes e profissionais da saúde manifestaram profunda preocupação com o impacto social e assistencial do fechamento da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, durante audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (9), na Câmara de Vereadores. Os relatos emocionados apontam para o risco de falta de atendimento, principalmente na área oncológica e de cirurgias pediátricas, caso o hospital seja, de fato, desativado pelo governo estadual.

O otorrinolaringologista Francisco Pereira, com décadas de atuação na unidade, fez um apelo pela permanência da Santa Casa aberta. Ele também contestou números apresentados sobre a dívida da unidade.

 

“Eu sempre me emociono quando falo da Santa Casa. Ela foi minha vida. Morei 36 anos dentro da unidade, passava 14 horas por dia lá. Quando o representante do Ministério Público disse que a dívida era de R$ 76 milhões, isso não é verdade. A dívida real chega a quase R$ 400 milhões. Só a Caixa Econômica está executando a Sociedade Beneficente por R$ 106 milhões”, declarou.

 

Ele destacou que o fechamento comprometerá diretamente serviços únicos em Cuiabá e que o governo estadual não vai conseguir atender a demanda de pacientes, mesmo que remanejados para outras unidades.

 

Isso porque atualmente, o Hospital Estadual Santa Casa oferta serviços de média e alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com pronto atendimento pediátrico, ambulatório e internação nas especialidades de: cardiologia, cirurgia geral, cirurgia pediátrica, cirurgia vascular, clínica geral, fisioterapia, fonoaudiologia, hemoterapia, infectologia, mastologia, nefrologia, neurocirurgia, neurologia, nutrição, oncologia cirúrgica, oncologia clínica e cancerologia, oncologia pediátrica, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia e tisiologia, psicologia, psiquiatria, radiologia, radioterapia, urologia, medicina intensiva adulto, pediátrica e neonatal, e medicina intensiva cardiológica.

 

“A cidade nunca teve um serviço de cirurgia pediátrica como tem hoje. A criança chega no pronto-atendimento, é avaliada, passa por cirurgia se necessário e tem UTI disponível, tudo no mesmo local. Esse ciclo completo será encerrado. Estão tentando transferir os pacientes para outras unidades, mas elas não têm estrutura para absorver essa demanda. Querem trocar seis por meia dúzia”, criticou.

 

Francisco ainda denunciou a discrepância entre os dados oficiais e a realidade nas unidades de saúde. “Existe um aumento de pacientes que não aparece nas estatísticas do governador, do secretário de Saúde ou do promotor. Os dados chegam para eles, mas os pacientes chegam para nós”, continuou.

 

Pacientes temem ficar sem atendimento

Viviane Gonçalves Cardoso, paciente oncológica, emocionou os presentes ao relatar sua situação. “Tenho câncer de mama com metástase nos ossos. Não deixem a Santa Casa fechar. Nós precisamos do tratamento, da terapia. Tem crianças, jovens, adultos… vamos lutar por isso”, pediu.

Mel Rodrigues

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