Preso no último mês, Sergio Roberto de Carvalho, também conhecido como Escobar Brasileiro, 63 anos, é considerado um dos maiores traficantes do mundo. O ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul comandou organização criminosa responsável por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e contrabando com criminosos de vários estados, inclusive Mato Grosso. Nesta quarta-feira (6), a Polícia Federal deflagrou operação e cumpriu mandados de prisão em Cuiabá, Várzea Grande, Poconé e Aripuanã.
Sergio era foragido do Brasil, Portugal, Espanha e outros países. Ele usava passaporte mexicano falso e ao ser preso no dia 21 de junho, na Hungria, ele não resistiu a abordagem dos agentes. A operação da polícia húngara contou com a Polícia Judiciária de Portugal, país usado pelo traficante como porta de entrada para as drogas na Europa.
Carvalho também teria envolvimento com a apreensão 580 kg de cocaína no Aeroporto Internacional de Salvador (BA), em fevereiro de 2021. A droga estava escondida em aeronave de uma empresa privada de aviação, que o advogado Rowles Magalhães seria sócio. O avião tinha como destino a Europa.
A partir da apreensão a PF conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países. que prendeu Rowles e o ex-secretário do Governo de Mato Grosso, Nilton Borges Borgato, em abril do mesmo ano. Ambos seriam do alto escalão do tráfico internacional entre o Brasil e a Europa.
Conforme reportagem da UOL, Carvalho ficou conhecido como Escobar em alusão ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Ele comandava uma grande organização criminosa, que enviou 45 toneladas de cocaína para a Europa — um material avaliado em R$ 2,25 bilhões. O esquema teve início em 2017.
A primeira prisão foi em Guarujá, em 15 de novembro de 1997. A ação ocorreu dias após a Polícia localizar uma aeronave com 250 kg de pasta base em uma propriedade rural dele em Rio Verde (MS).
Em 1999, o Major Carvalho cumpria pena no Presídio Militar de Mato Grosso do Sul e foi flagrado com US$ 180 mil e R$ 27 mil escondidos debaixo do colchão. No ano seguinte, ele deixou a prisão — e voltou sete anos mais tarde. Em 2010, foi acusado de desviar R$ 3,9 milhões de um inventário e foi expulso dos quadros da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul apenas em 2018, dois anos após ter desaparecido de Campo Grande. Foi também naquele ano que ele foi visto pela última vez.
As investigações da Polícia Federal indicavam que ele tinha fugido para Lisboa, em Portugal, usando documentos falsos. Foi então que ele decidiu forjar a própria morte ao saber que o Ministério Público da Espanha iria pedir a condenação dele, com pena prevista de 13 anos e seis meses de prisão.
Ele chegou a ser preso em agosto do mesmo ano com o nome falso de Paul Wouter, acusado de ser dono de 1.700 quilos de cocaína apreendidos em um navio na Espanha. No entanto, pagou uma fiança de 200 mil euros e deixou o presídio.
Foi então que ele decidiu forjar a própria morte ao saber que o Ministério Público da Espanha iria pedir a condenação dele, com pena prevista de 13 anos e seis meses de prisão.
Carvalho driblou por diversas vezes as autoridades europeias e até deixou para trás 11 milhões de euros escondidos em uma van em um apartamento na capital portuguesa. O transporte por aviões particulares, o conhecimento dos procedimentos policiais, a utilização de documentos falsos bem elaborados e a lavagem de dinheiro dificultavam a localização do criminoso pelas autoridades.
Em junho de 2020, Carvalho foi acusado de se utilizar da pandemia da covid-19 para lavagem de dinheiro. A suspeita veio após um Boeing 747-400F, que vinha da China, pousar no aeroporto internacional de Florianópolis, carregado com 10 milhões de máscaras de proteção facial e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).
Na ocasião, as informações eram as de que os produtos tinham sido adquiridos por uma importação privada. No entanto, mais tarde, a Polícia Federal, descobriu que a importação foi feita por uma empresa investigada por suspeita de ligação com a organização criminosa liderada por Carvalho.
Com informações Folha de São Paulo e UOL