Vereadores eram cobrados a fazer defesa de Emanuel frente a Abílio

Vereadores que não enfrentaram o então parlamentar Abílio Júnior (PSL), em 2018, foram ameaçados de perder indicações. Principal adversário do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), o político invadiu a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e encontrou contratos com indicações de colegas do Parlamento. A ação culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde e acirrou ainda mais a inimizade entre os grupos políticos.

O fato é citado em conversa entre a assessora de gabinete do prefeito, Ivone Souza, e C.A., que também trabalha diretamente com o prefeito. As transcrições das conversas de Whats app estão anexadas nas investigações da Operação Capistrum.

Reprodução

Na conversa, eles discutem o que fazer em relação a invasão do vereador, pois o diretor Ricardo Aparecido Ribeiro havia perdido o controle da situação.

“Cláudia, eu já falei com o Ricardo que quando eu voltar eu vou resolver isso aí, se os vereadores não enfrentarem o Abilinho, a partir de agora ninguém tem mais direito a contrato, ok!”, diz Ivone à mulher.

O vereador achou e recolheu 12 contratos de servidores e, atrás dos documentos, estava o nome de cada parlamentar que o indicou.

Em outra conversa, dessa vez com o ex-secretário de Saúde, Huark Douglas, Ivone cobra assinatura de 350 contratos de funcionários indicados. O tema é abordado em alguns momentos e, no começo, o ex-gestor desconversa sobre os pedidos. Contudo, após insistência, ele fala que não vai assinar.

“Eu não consegui segurar uma pessoa. Só pedi uma em todo este processo. Nem sabia quem era. Não vou assinar. Este não foi o acordo!”, decidiu em agosto de 2018.

Na mesma época, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) havia mandado suspender as contratações de servidores temporários. Fato de conhecimento da prefeitura, porém ignorado.

Operação Capistrum
Deflagrada em 19 e outubro pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), a Operação Capistrum decretou busca e apreensão e sequestro de bens em desfavor do prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro e sua esposa Márcia Aparecida Kuhn Pinheiro, do Chefe de Gabinete Antônio Monreal Neto, da secretária-Adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza, e do ex-coordenador de Gestão de Pessoas, Ricardo Aparecido Ribeiro.

Considerado o braço direito de Emanuel desde à época em que o emedebista era deputado estadual, o chefe de gabinete chegou a ser preso em apartamento de luxo, localizado no bairro Santa Helena. Agora, ele usa tornozeleira. Todos os investigados continuam afastados de suas funções públicas.

De acordo com o MPE, os investigados estariam ligados a um esquema está de indicações políticas e contratações temporárias na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá. Os contratados tinham direito ao benefício do ‘Prêmio Saúde’, que pagavam até R$ 6 mil a mais para os comissionados.

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